E o grande Chespirito se foi. A morte de Roberto Gómez Bolaños está sendo lamentada no México, no Brasil e em muitos outros países onde, há décadas, seus programas fazem enorme sucesso. Por aqui, o SBT exibe Chaves e Chapolin desde agosto de 1984 praticamente de forma ininterrupta, de segunda a segunda, muitas vezes com mais de uma apresentação por dia.
Os programas de Chespirito, como Bolaños era conhecido, começaram de forma tímida no Brasil, em 1984, mas aos poucos foram conquistando o público, tanto que estão no ar até hoje. No início dos anos 1990, junto ao boom provocado pelo telejornal Aqui Agora e pela novela mexicana Carrossel, o SBT, no auge, colocou Chaves e Chapolin em pleno horário nobre. E eles não fizeram feio, chegando a alcançar médias de 20 pontos de audiência.
Reportagem da Folha de S.Paulo de 24 de janeiro de 1999 ressaltou a liderança histórica de audiência das duas séries entre crianças de 2 a 9 anos na Grande São Paulo, desbancando apresentadoras como Xuxa, Mara Maravilha e Angélica, entre outras. “Chapolin conquistou 299 mil telespectadores nessa faixa em 1995. Já Chaves, 282 mil. Em 1998, Chaves chegou a 201 mil crianças. E Chapolin foi a 185 mil”.
Mina de ouro
Em 7 de fevereiro de 1990, o Jornal do Brasil destacou que Chaves era uma mina de ouro. A Polygram e o SBT lançaram o disco com canções baseadas no programa. O produto foi um grande sucesso de vendas. “A estrela do LP é Marcelo Gastaldi, que há cinco anos aluga sua voz para o endiabrado Chaves”, disse a reportagem de Rogério Durst.
“O disco é o similar nacional de um lançamento mexicano com músicas relacionadas ao programa do Chaves. A diferença é que seis das canções foram vertidas de composições do mexicano Roberto Gómez Bolaños e outras quatro foram compostas aqui no Brasil. Mário Lúcio de Freitas, da empresa independente Marsh Mallow, que produziu o disco para a Polygram, explica: ‘Todas as canções originais se referiam ao Chaves e achamos que o público brasileiro gostaria de canções sobre os outros personagens’. Assim, Kiko, Chiquinha e Madruga ganharam suas músicas, todas com letra de Marcelo Gastaldi, convidado por ser um especialista no programa e seus personagens”, explicou o texto.
O JB também assinalou os demais produtos lançados no Brasil com a grife Chaves: “Mesmo em tempos de crise, o mercado infantil brasileiro é uma festa. E o garoto Chaves está se revelando um produto e tanto. Não admira que Roberto Bolaños exija ter seu nome em tudo o que envolva seu personagem, o que inclui as quatro canções brasileiras do disco. Além de música, Chaves também vai virar história em quadrinhos, brinquedos, álbum de figurinhas e desenhos. Mas o gigantismo do despretensioso Chaves periga ir muito além”.
Entre os produtos lançados com sucesso no início dos anos 1990 também estão os gibis de Chaves e Chapolin, pela Editora Globo, o álbum de figurinhas e os óculos do Chaves, que serviam como canudinho para refrigerantes e sucos.
Até Gugu Liberato embarcou na onda de sucesso de Chespirito no Brasil. Além de ir ao México e exibir no Viva a Noite, do SBT, uma entrevista com Bolaños e outros integrantes do programa, em 1989, numa época que tais viagens não eram tão comuns, o apresentador, através de sua produtora, adquiriu os direitos de lançamento no Brasil do filme Charrito, um Herói Mexicano, de 1984. Gugu realizou promoções e divulgações envolvendo o filme em seu programa semanal.
Novos personagens
O grande sucesso de Chespirito no Brasil são as séries Chaves e Chapolin, produzidas nos anos 1970. A partir da década de 1980, os personagens foram incorporados ao programa Chespirito, que também tinha outros quadros e ficou no ar até 1995.
Em duas oportunidades, o público brasileiro pode conferir as outras criações de Bolaños, como o malandro Chompiras (aqui chamado de Chaveco) e o maluco Chaparron Bonaparte (o Pancada), entre outros.
Em 1º de junho de 1997, a CNT/Gazeta, que havia fechado no ano anterior um acordo com a Televisa, do México, para exibição de novelas e programas, passou a exibir Chespirito diariamente.
Já o SBT exibiu a produção como Clube do Chaves, estreando em 2 de julho de 2001, inicialmente com os esquetes em pílulas durante as tardes de sábado e, posteriormente, reunidos num único programa.
Nos dois casos, não houve o mesmo sucesso de Chaves e Chapolin, por inúmeros motivos, como envelhecimento do elenco, as ausências de Carlos Villagran e Ramon Valdez e, principalmente, algumas mudanças na dublagem brasileira, especialmente de Marcelo Gastaldi, que morreu em agosto de 1995. O público não se acostumou com a nova voz de Chaves e isso perdura até hoje. Dessa forma, as atrações deixaram de ser exibidas.
As informações são de Thell Castro do NTV.